Um locutor nunca se pode esquecer que a rádio se ouve e que não permite a visualização de imagens. Por isso, cada palavra tem de funcionar com a significação precisa. Isto pressupõe que a mensagem radiofónica (e também a televisiva) tenha de ser envolvente e estruturada. Muitas vezes, anuncia-se um acontecimento simultaneamente à produção dos factos, ou seja, em directo.
Um bloco noticioso na rádio precisa de hierarquizar as informações, uma em relação às outras. A estética de apresentação alia-se à razão de ordem que leva o ouvinte a escutar, chamando-lhe a atenção. Existe pois uma "paginação" que necessita ter comunicabilidade. A sua concepção requer equilíbrio, variedade e deve atrair o ouvinte.
Tal como na imprensa, também na rádio existe uma "primeira página" que fornece a imagem dos acontecimentos e que visa seduzir o ouvinte através da transmissão do mais importante (Lopes, s.d.). Contudo, a arquitectura do serviço noticioso nem sempre destaca, por exemplo, as "manchetes" da edição.
Saber qual a "paginação" radiofónica mais eficaz é uma tarefa difícil, isto é: onde e como deve ser transmitida a notícia mais importante da edição. A abrir e repeti-la a fechar? Separá-la com sons do bloco de desenvolvimento? Seja como for, em todo o bloco noticioso o "lead" é o mais importante.
Entre todo o material, escolher o tema principal de um jornal é uma tarefa ingrata e que está sempre sujeita a alterações. Por vezes, já com a edição no ar, uma notícia acabada de chegar, supera toda a força do noticiário anterior. Assim, a "paginação" do material noticioso fica sempre sujeito a alterações, até mesmo quando o jornal está já no "ar" a ser recebido pelos ouvintes (Lopes, s.d.).
No que se refere à "paginação" radiofónica, a linguagem, assim como o som, assumem um papel de extrema importância.
Relativamente ao som, este pode ser usado num serviço noticioso como um método de paginação, ou seja, um simples som pode facilitar a divisão entre várias notícias. No entanto, a separação noticiosa é, regra geral, feita através da linguagem. A linguagem radiofónica obriga, no caso da informação, a vários recursos de ligação dos assuntos. Essa "ligação" faz-se geralmente através de expressões típicas, tais como: "falemos agora de desporto"; "a nível nacional"; "do estrangeiro" (Meditsch, 1999).
Para além de assumir a função de separação entre as notícias, a linguagem radiofónica funciona também como um método de interligação usufruindo de expressões como: "entretanto"; "por seu lado"; "também"; ou repetindo palavras sonantes da notícia anterior para iludir um encadeamento noticioso. A ligação das notícias pode ainda fazer-se recorrendo à síntese do noticiário já lido e dos títulos ainda a apresentar (Lopes, s.d.).
Em suma, o locutor esforça-se por criar emotividade e descreve pormenores. Entusiasma-se e consegue entusiasmar o ouvinte. O locutor explora a matéria auditiva através dos inúmeros recursos dados pelos sons e seus efeitos, seja na base da palavra, seja na da música ou dos ruídos.
À semelhança do jornal, que utiliza a primeira página como "mostruário" de cada edição, a rádio começa por dar os títulos despertando o ouvinte para este ou aquele tema.
A paginação radiofónica rege-se por normas diferentes das da imprensa escrita: num jornal radiofónico todas as notícias são importantes e merecedoras de primeira página, o desenvolvimento fica para a imprensa escrita.
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