quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

CURIOSIDADES

A primeira versão de King Kong foi criada em 1933, apenas seis anos após o acréscimo do som nas telas de cinema. Naquela época, os efeitos de sonoplastia tinham que ser feitos ao vivo, ou seja no momento em que a cena estava sendo gravada. Hoje, isso não acontece mais. O avanço tecnológico permitiu o desenvolvimento de aparelhos que dispensam o quebra-cabeça do início da era cinematográfica. Atualmente, é possível encontrar estúdios de gravação de áudio de última geração, com microfones hipersensíveis, aparelhos que medem intensidade e aparatos diversos para criação do som. Esses lugares são verdadeiras ilhas da fantasia que fazem de uma bicicleta e algumas penas o som das asas de uma fada. Tudo isso é armazenado em computadores que sincronizam imagem e som como se fossem uma só coisa. O que não pode ser reproduzido através do ruído de objetos ou da voz humana é criado por softwares que oferecem as mais diversas combinações.


O mesmo ar vago de irrealidade que se forma no desenrolar de todos os filmes silenciosos não acompanhados está ainda presente, mas agora acentuado pelo fato do público moderno estar preparado para assistir filmes sonoros. O dobre de sinos é esperado quando a corda puxa o sino; o apito do comboio é antecipado quando o comboio deixa a estação; e, coisa de maior importância, o público ignorantemente espera que o movimento e a atmosfera do filme sejam postas em evidência pela música. Felizmente, o projeccionista moderno tem certas vantagens sobre os antigos exibidores. Agora, sabe que a música é essencial à apresentação artística do filme; de igual modo, tem ao seu dispor o enorme repertório de música e de efeitos sonoros que têm sido gravados nos últimos anos (RAWLINGS, /s.d./: p.21).
Todos esses aparatos são utilizados fundamentalmente para que se criem pistas sonoras nos espetáculos midiáticos. Através do som o espectador identifica o estilo daquilo que será visto. O som envolve seu público nas mais diversas situações criando climas, despertando emoções e marcando significados. As pistas sonoras podem integrar as cenas, complementando informações. Nesse caso, elas devem estar diretamente vinculadas com a situação. São os casos de músicas de clima psicológico que reforçam a emoção gerando suspense ou um ruído quebrando o silêncio como um tiro ou telefone tocando.
Os sons são pensados pela mente como qualquer outra realidade: simples ou complexa, contínua ou descontínua, repetida, variada, etc... São estes os primeiros sentidos, os primeiros significados do som e da música, os que são dados pelos códigos gerais da percepção sensorial e mental (STEFANI, 1989: p.17).
Os elementos sonoros que povoam os meios de comunicação trazem significados diversos e nunca são utilizados de forma impensada. As músicas, ruídos, falas e o próprio silêncio traduzem histórias e mensagens de forma sintetizada, de modo que atinjam o maior número possível de pessoas. Para que isso aconteça de forma realmente eficaz as pistas sonoras devem ser identificadas imediatamente pelo espectador. Aproximando o universo sonoro da classificação pierciana existem pistas indiciais que permitem a identificação de onde provém determinado som. Buzinas trovão, telefone, tiros, ruído de trem e outros sons de identificação direta englobam esse primeiro estágio do raciocínio. Geralmente essa categoria sonora utiliza-se de sons mecânicos.
Já as pistas icônicas dizem respeito à ligação que o espectador fará a partir de determinado som. Sugerem uma situação. Pássaros cantando podem indicar uma floresta, sirenes podem indicar um acidente ou perseguição. Nesses caso, os sons podem ser captados do ambiente natural ou obtidos através da voz e de aparelhos. Por último, estão as pistas sonoras simbólicas que não possuem nenhum compromisso com a realidade. Os signos indiciais podem se tornar simbólicos, ou seja, os sons vão entrar em cena dentro de um contexto e será esse contexto o indicador da significação sonora. Uma risada poderá demonstrar algo engraçado, um descontrole emocional ou um atitude maquiavélica.
A necessidade de retorno sonoro não é uma invenção tecnológica, é algo fisiológico e natural dos seres humanos. A sonoplastia é a arte de copiar esse real, levando o espectador a uma viagem irreal pelo espetáculo midiático. E o interesse fundamental que marca essa pesquisa é verificar, a partir de tudo isso, a eficácia e a necessidade vital desses elementos sonoros – sons, ruídos e músicas (jingles) – nas peças publicitárias.

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